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Preferências alimentares e a saúde


Quantas vezes acontece termos uma vontade incontrolável de comer um certo alimento? Há uns anos atrás, depois de uma infecção que me levou a perder força muscular nas pernas, ao ponto de precisar de apoio para andar, senti de repente um desejo muito forte de beber leite e comer meloa. Nas semanas seguintes, estes dois alimentos ajudaram-me a superar a sensação de fraqueza que me impedia de andar normalmente. Intrigada pelo súbito desejo de consumir estes alimentos, procurei saber se haveria uma ligação com o meu problema muscular. Para minha surpresa, estes dois alimentos são ricos em aminoácidos essenciais para o bom funcionamento dos músculos.


Desde então, tenho procurado perceber qual a relação entre os alimentos que preferimos e as deficiências nutritivas que ocorrem como consequência de uma inflamação.

Por isso, preparei um questionário com o objectivo de tentar encontrar uma relação entre os alimentos que preferimos e os problemas de saúde de cada um. 40 pessoas preencheram este questionário e, apesar de ser difícil fazer esta avaliação, cheguei a algumas considerações que espero ajudem, de certa forma, a despertar o interesse por este tema.

Estas são as informações que considero mais marcantes sobre este questionário:


1 - O chá de camomila e o caldo de galinha são alimento preferidos pelos jovens que se queixam de ALERGIAS.

- Já os mais velhos, além da camomila e galinha, têm preferências muito mais vastas. Cranberries, dióspiros, morangos, mango, gengibre e salsa, são também preferidos. E ainda, procuram alimentos como cavalas, cogumelos, batatas e outros alimentos de origem fermentada como o queijo.

Todos estes alimentos ajudam, de facto, a reduzir inflamações que dão origem a sintomas de alergias.


O chá de camomila é útil para reduzir a inflamação que provoca alergias ao mesmo tempo que aumenta a concentração do aminoácido de sabor adocicado, glicina, nos rins. Este aminoácido não só ajuda a reduzir inflamações como também protege os músculos, preservando a massa muscular. E ainda, ajuda a reduzir reacções alérgicas a ácaros de poeiras domiciliares.

Não será com certeza por coincidência que as pessoas com alergias, em geral, também gostam de caldo de galinha, pois este alimento é também uma boa fonte de glicina. O ditado “cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém” é uma forma de explicar o porquê deste alimento ser importante para acelerar a recuperação de doentes acamados.


Aipo, salsa, segurelha e pimentão são ervas preferidas neste grupo de pessoas. Todas contêm o flavonoide luteolina, que reduz inflamações nas vias respiratórias. Alivia sintomas de asma assim como também reduz fadiga mental e dificuldade de concentração (brain fog), sintomas associados a alergias.

Arandos (cranberries) são frutos ricos em antocianinas que ajudam a reduzir a produção de muco.


Cavalas, cogumelos e batatas são fontes importantes de vitamina D3 cuja deficiência potencia episódios de alergias.


Os alimentos fermentados como o queijo e molhos com vinagre ajuda a reduzir a produção de muco visto que promove o crescimento de bactérias intestinais como Lactobacillus que contribuem para o equilíbrio da flora intestinal.


2 - As pessoas com tendência a OBESIDADE dão preferência a chás de camomila, limão e anis cujas propriedades anti-inflamatórias contribuem para reduzir a acumulação de gorduras.

- Mas, por outro lado, procuram alimentos ricos em hidratos de carbono como massas, batatas e alimentos açucarados que, em excesso, podem estar na origem de aumento de peso. Esta necessidade de ingerir estes alimentos deve-se talvez ao facto dos hidratos de carbono ajudarem a absorver o aminoácido triptofano necessário para produzir serotonina, o neurotransmissor que regula o humor. Além disso o triptofano é importante para combater inflamações. Uma estratégia com menos riscos para a saúde, seria recorrer a outros alimentos ricos em triptofano, como o perú, reduzindo assim a necessidade de recorrer a alimentos mais calóricos.

- Têm também preferência por alimentos da família das couves como os brócolos e couve-flor, talvez pelas suas propriedades desintoxicantes.

3 - REFLUXO GÁSTRICO é um problema que também já enfrentei no passado e tive grandes dificuldades em resolver. A hora da refeição era sempre a mais difícil porque tinha de evitar os alimentos que, sabia, podiam desencadear os sintomas.

- Neste questionário notei que algumas pessoas têm preferência por alimentos da família da couve que eu também escolhia, sem medo, porque sentia que ajudavam a reduzir a inflamação. As couves são ricas em glutamina, um aminoácido que ajuda a tratar inflamações nos intestinos e reduz a frequência de episódios de refluxo. Além disso as couves são uma fonte importante de sulforafano, um composto rico em enxofre, que promove a produção de antioxidantes como glutationa que, além de estimular a eliminação de toxinas, também reduz inflamações.

Notei também que as preferências alimentares em pessoas com refluxo gástrico mudam quando têm outras doenças associadas.

4 - Na medicina tradicional madeirense, o anis é uma das ervas aconselhadas para tratar PROBLEMAS CARDÍACOS. Usa-se muito o chá do basílico Ocimum selloi, conhecido também como ‘erva do coração’, que tem uma concentração considerável de óleo de anis (Anethole). Neste questionário, apenas uma pessoa mencionou ter problemas cardíacos. Será coincidência, mas uma das ervas preferidas foi de facto o anis. O óleo de anis tem uma acção anti-inflamatória que pode muito bem ajudar a resolver problemas cardíacos. - Além do anis, este participante tem preferência ainda pela salsa, aipo, camomila, e couve-flor que, pelas propriedades anti-inflamatórias, podem perfeitamente ajudar a proteger o coração.


5 – Um PROBLEMA DE PELE, apesar de apresentar sintomas idênticos em pessoas diferentes, pode ser causado por inflamações opostas. A forma como a pele reage quando está exposta aos raios solares tem um carácter genético, que perante uma inflamação, predispõe a pele a um determinado problema cutâneo. No meu caso em particular, a Rosacea é um problema de pele que herdei da minha família. Pelo que tenho observado nas pessoas que conheço com este problema, as preferências alimentares podem ser muito diferentes.

- Limão e ervas que contêm citral ou geraniol, são ervas que podem desencadear inflamação, sobretudo nas pessoas que têm rosacea ocular, associado ao problema cutâneo. Depois de verificar que as bebidas com limão sempre me faziam sentir mal, procurei informações que me pudessem esclarecer o porquê desta reacção e, de facto, o óleo não é aconselhado neste tipo de inflamação.

- O leite, um alimento que consumo com regularidade, é uma das melhores fontes de vitamina B3 (nicotinamide riboside) que combate a inflamação nalguns casos de rosácea.

- Outras pessoas, com este mesmo problema de pele, procuram alimentos ricos em triptofano, como o perú, e hidratos de carbono para melhor absorver este aminoácido. O triptofano é necessário nestes casos para combater a inflamação. Os sintomas pioram no inverno quando os níveis de vitamina D estão mais baixos e podem mesmo levar a sintomas de depressão. Por isso alimentos como a cavala, atum, cogumelos e batatas, ricos em vitamina D, são também uma das principais escolhas alimentares destas pessoas.

Na hora de escolher os alimentos é sempre importante conhecer quais as nossas carências alimentares.


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