Nos dias de hoje tudo tem de ter uma classificação e uma ordem definida. Porém, por vezes alguma desordem também não fica mal e até tem piada. Talvez por isso acho muita piada às ervas aromáticas, por muito que se tente não há forma de pô-las na ordem.
Logo na definição “ervas aromáticas” começa a confusão: nem todas as ervas têm aroma (ex: dente-de-leão) e muitas não são ervas mas sim arbustos (ex: alecrim e pessegueiro-inglês).
Mesmo os nomes porque são conhecidas geram muita confusão:
O aneto também se chama dill ou endro.
O tomilho aqui na Madeira é conhecido por segurelha.
A erva-luísa também se chama lúcia-lima ou limonete, mas na Madeira é conhecida por pessegueiro inglês.
Dizem os entendidos em linguística que a partir do momento que uma nova palavra anda na boca do povo, passa a fazer parte do seu vocabulário. Quem diria que a palavra bué já está no dicionário?
Há bué de ervas por aí com nomes que nem sempre fazem sentido, mas vieram para ficar:
A pimenta-da-terra não é uma pimenteira verdadeira, para sê-lo teria de pertencer ao género Piper como a pimenta preta.
A erva anis é afinal um basílico (Ocimum selloi), enquanto ao anis verdadeiro (Pimpinella anisum) chamamos erva-doce.
Pedimos emprestada a palavra chá à Camellia sinensis para generalizar e chamar chá de ervas a variadas tisanas, sejam preparadas por infusão ou decocção.
Para criar ainda mais confusão alguns aromas que estamos habituados a encontrar em certas plantas, por vezes não não correspondem ao esperado.
A alfazema de folha recortada (Lavandula multifida) tem cheiro a oregãos.
Mentas que cheiram a chocolate, lavanda ou limão.
Tomilho com cheiro a limão ou oregãos.
Algumas ervas até se atrevem a produzir aromas com cheiro a fruta.
Encontramos malvas que cheiram a côco, maçã, avelã, limão.
Salva com cheiro a ananás ou tuti-friti.
Menta com cheiro a morango.
É tanta a confusão que o comentário que mais ouço no meu jardim depois de uma visita guiada é:
“Já estou baralhado com tantos cheiros”!
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